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Chapter 3 by Wolfhunter2 Wolfhunter2

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Separação

A cerimônia havia terminado, mas o peso das palavras dos anciões ainda pairava no ar como neblina densa. O portão da selva fora aberto. Além dele, apenas a floresta imensa, viva e silenciosa.

Os jovens se entreolhavam, alguns em silêncio, outros sussurrando com ansiedade, enquanto decidiam com quem seguiriam pelos seus Dias da Fera. Não havia regras. Só uma escolha: confiar… ou tentar sobreviver sozinho.

Um dos tambores cerimoniais soou, carregado por um Golias cego, soou três vezes — surdos, profundos, como batidas do coração da própria terra.

Grupos se formavam de forma quase instintiva: amigos de infância, aliados por treinamento, pactos secretos feitos sob o luar ou pura conveniência.

Mas Solenne, parada ao lado da imensa porta de madeira, apenas cruzou os braços e observou tudo como quem espera uma piada ruim terminar.

— Sério, tem gente ali com cara de que vai morrer só de carregar o próprio saco de dormir — comentou, num tom quase divertido.

Clare, ao lado, deu uma risada alta.

— Pelo menos morrem estilosos. Dá pra pendurar o corpo e assustar os animais.

Kaelos fazia malabarismos com três pedrinhas que encontrara no chão, tentando não parecer nervoso — e falhando.

— Ei, se eu conseguir fazer dez voltas com isso, significa que a floresta me aceita?

Nayra, sentada ao lado de uma árvore, levantou os olhos devagar.

— Significa que você está suando mais do que nos treinos em Tessália.

— É o charme, Nay. É meu plano secreto pra espantar predadores — rebateu ele, rindo.

Elizabeth, que observava discretamente todos ao redor, falou com gentileza:

— Algumas dessas pessoas vão tentar nos sabotar. A floresta não testa só o corpo… testa o coração.

Lorian, de pé com os braços cruzados, respondeu baixo, mas firme:

— Então é melhor andarmos com quem não vai nos apunhalar pelas costas.

Solenne sorriu e apontou o polegar para trás, na direção da mata.

— Ótimo. Hora de morrer bonito, então. Vamos, meus belos malditos.

Sem se despedir de mais ninguém, os seis caminharam juntos. Quando cruzaram o portão, não olharam para trás. Alguns riam. Outros estavam calados. Mas todos sabiam — aquele momento era um selo.

Eram um grupo estranho, improvável. Mas firme.

Solenne ia na frente, abrindo caminho com segurança e sarcasmo.

Clare caminhava ao seu lado, brincando com cada coisa que via — um galho torto, um som estranho, até o cheiro da terra.

Nayra, ligeiramente atrás, mantinha os olhos atentos a cada sombra, cada detalhe.

Kaelos tentava levantar o ânimo de todos, mesmo quando a tensão crescia.

Lorian era o muro silencioso que cuidava da retaguarda, olhando para os lados com olhos que pareciam sempre à beira de estourar em fúria.

Elizabeth andava no centro, sempre em equilíbrio, como se sua simples presença segurasse os outros em paz.

Quando o sol começou a baixar, e o som dos outros grupos já não se ouvia mais, Clare quebrou o silêncio:

— Aposto um beijo de Solenne que os primeiros corpos vão aparecer em três dias.

Solenne nem virou o rosto.

— Se forem do nosso grupo, você beija o cadáver, então.

Kaelos riu mas o riso sumiu tão rápido quanto veio. Lá, no fundo, todos sabiam: não importava o quanto zombassem, riam ou provoquem. O tempo já começou a correr.

A lua cheia virá Doze vezes. Depois dela, o eclipse cairá como uma sentença.

Os Anciões diziam que a floresta se dobrava para testar cada um de forma diferente E a selva, que tudo marca, já observava os seis — pronta para esculpir neles as histórias que os anciões um dia lerão.

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