Vestir o casaco e ir para a vila.

No fim das contas, acabo decidindo que ao menos nisso vovó tem razão. Melhor não desfilar pela vila com uma camisa velha e pequena, tão reveladora. Visto um casaco grosso de lã e só então me ponho a caminho, fazendo as escadas rangerem pela terceira vez em tão pouco tempo.

Vejo que meu vô enfim está de pé, na cozinha, falando com minha vó. Ele me dá um aceno, com um olhar um tanto desconcertado, provavelmente encabulado do contato que tivemos há pouco. Aceno de volta e saio de casa, finalmente pondo os pés na estrada.

Nossa fazenda é singela, mas acolhedora, além de ficar apenas vinte minutos de caminhada da vila. Distância o suficiente para viver em relativa paz, porém, perto o suficiente para pedir ajuda caso algum acidente ocorra, como a vez em que meu vô quebrara o tornozelo, anos atrás. Eu era apenas uma menina na época, foi horrível ver meu querido avô em uma situação dessas. Odiaria que algo acontecesse com ele novamente. Até mesmo minha avó rabugenta não merece uma dor destas, já em idade avançada.

Perdida em devaneios, logo percorro quase metade do caminho.